16 de novembro de 2016
A última semana me trouxe uma grande reflexão sobre como nossa vida pode mudar em fração de segundos, todos nós sabemos desta realidade, mas infelizmente só nos momentos mais difíceis, aqueles em que enfrentamos um grande problema que realmente damos conta disso.
Eu tinha programado um outro assunto para esse post, mas achei oportuno compartilhar o que aconteceu com a minha filha, pois é algo que pode acontecer com qualquer criança, e nos conforta muito como mães saber que não estamos sozinhas em determinadas situações, principalmente aquelas que desconhecemos os motivos ou causas.
Estávamos em uma semana bem agitada para a Luiza, provas finais e ensaios para apresentações de teatro e ballet, atividades extracurriculares que ela faz na própria escola. As apresentações de ballet aconteceram nos dias 07 e 08/11 fomos assisti-la no dia 07. Acho que nem preciso relatar aqui o tamanho do meu orgulho ao vê-la naquela sapatilha de ponta… só não posso deixar de falar da admiração que tenho pela dedicação e determinação da minha filha, foram dois dias chegando às 06h30 na escola e voltando para casa às 22h00.
Na terça-feira (08/11) o pai foi busca-la após a última apresentação de ballet, Deitada no meu colo, enquanto eu removia a maquiagem feita para a apresentação ela me disse:
“Mamãe, meu olho direito está bugado!” (Se você tem filhos adolescentes provavelmente já tenha ouvido essa expressão, se ainda não ouviu vou traduzir: bugado = estranho, esquisito…)
Nosso diálogo:
Eu: como assim filha? O que você está sentindo?
Ela: quando eu olho para cima vejo duas imagens na horizontal.
Eu: E quando isso começou?
Ela: hoje, eu estava na aula de cabeça baixa escrevendo, quando levantei os olhos para copiar a lição enxerguei duas lousas com o olho direito, mas isso só acontece quando olho para cima.
Então pedi para que ela olhasse para mim, aparentemente tudo bem, pedi que olhasse para cima, foi aí que levei o primeiro grande susto, o olho esquerdo subia normalmente, mas o direito ficava paralisado, completamente desproporcional, nunca tinha visto algo parecido, perguntei se tinha algum outro sintoma ela respondeu que só a visão dupla. Não sou médica, mas como gosto, me interesso e leio muito sobre assuntos ligados a medicina, acabo tendo noções básicas de determinados sintomas, então logo desconfiei de algo neurológico, pedi para ela andar com um pé na frente do outro, encostar a ponta do dedo indicador na ponta do nariz alternando as mãos, e observei que ela estava falando normalmente, (sempre que há algum comprometimento neurológico importante a pessoa não conseguirá realizar alguns desses movimentos, nestes casos deve ser levada imediatamente para o hospital) o fato do comportamento dela estar normal me deixou menos assustada. Como já passava de 22h30 e aparentemente não era tão urgente esperamos até o dia seguinte para consultar um oftalmologista.
No exame oftalmológico não foi encontrado nada de anormal, o que por um lado era bom, mas por outro aumentava as chances de algo mais grave, tanto que a médica solicitou um exame de ressonância magnética do crânio, já que poderia ser alguma alteração no nervo óptico (O nervo óptico é o segundo dos doze pares cranianos presentes em nosso cérebro. De função sensitiva, este nervo capta as informações através dos cones e bastonetes presentes na retina que são estimulados pela luz projetada em objetos).
Durante a consulta também relatei que a Luiza tem ARJ
Link: Artrite Reumatoide Juvenil o que também poderia justificar algo relacionado a outros tipos de doenças autoimunes, diante deste fato a médica disse que gostaria de conversar com a reumatologista que nos acompanha. A essa altura sai do consultório mais aflita do que quando entrei, imediatamente liguei para o laboratório para tentar marcar a ressonância com o máximo de urgência e em seguida liguei para a Dra. Cássia Passarelli (Reumatologista Pediátrica da Luiza) após meu relato a Dra. Cássia diz:
“Débora, quero que um Neuropediatra veja a Luiza, vou te passar o contato de uma colega, marque a consulta com ela e me ligue.”
A neuro só iria poder atender na próxima semana, mas a Dra. Cássia queria que um neuro a examinasse o quanto antes, então me passou o contato de outro médico que poderia nos atender na sexta-feira 11/11 logo após a ressonância. Às 21h30 do dia anterior ao exame eu estava falando com o neuro pelo celular, e adivinhe quais foram as primeiras perguntas que ele me fez? Se ela estava falando normalmente, andando normalmente, se os reflexos estavam preservados, ou seja, exatamente a investigação que eu havia feito quando ela me relatou em casa o que estava sentindo. Então o Dr. Denis me disse:
“Bem, se o comportamento dela está normal posso vê-la amanhã após o exame, pois se tivesse algum desses comportamentos ou reflexos comprometidos iria pedir para me encontrarem no hospital!”
Pausa para uma observação…
Que mãe está preparada para isso? Nesse momento volto para o início do texto: “Como nossa vida pode mudar em fração de segundos!” Um dia antes eu estava aplaudindo minha filha em sua apresentação de ballet, e naquele momento tinha que tentar me preparar para o que quer que estivesse acontecendo com ela, acho que essa é uma das piores situações que uma mãe pode passar!
Chegamos no laboratório para fazer os exames, posso dizer que aqueles minutos em que estive com a minha filha na sala de ressonância foram os piores da minha vida, aquela sala gelada, o barulho terrível daquela máquina maravilhosa e ao mesmo tempo assustadora, me deixavam cada vez mais apavorada, eu mal tinha forças para pedir a Deus que aquele pesadelo passasse. Terminado o exame pedimos para que o Fleury disponibilizasse pela internet as imagens e o laudo no mesmo dia, já que tínhamos a consulta com o neuro.
Pausa para outra observação…
Passei por toda essa angústia, aflição e desespero, mas tendo o respaldo de excelentes médicos, por que graças a Deus temos um bom convênio, mas vivemos em um país onde infelizmente esse “privilégio” é para poucos. Não posso deixar de pensar nas milhares de mães que passam por isso todos os dias e não podem fazer nada.
A caminho do consultório do Dr. Denis, com nossos filhos no banco de traz do carro, eu e meu marido só nos olhávamos, não conseguíamos dizer uma só palavra. Quando de repente um toque no meu celular quebrou o silêncio, era mensagem da Dra. Cássia, ao mesmo tempo que eu queria desesperadamente ler o conteúdo da mensagem, sentia um medo absurdo do que iria ler. A mensagem dizia:
“Acalme seu coração, Ressonância normal. Estou no consultório, pode me ligar agora.”
Eu li e reli aquela mensagem diversas vezes, e me senti como se estivesse acordando de um terrível pesadelo, e na verdade eu estava.
Enfim, já passava das 20h00 do dia 11/11 de uma sexta-feira pré feriado prolongado em São Paulo, quando fomos atendidos pelo Dr. Denis Bernardi Bichuett – Professor Adjunto de Neurologia da UNIFESP e uma simpatia! Após minucioso exame clínico, analisar todos os exames laboratoriais da Luiza, conversar com a Dra. Cássia e com a Neuropediatra que iria atende-la na próxima semana (que por coincidência foi sua aluna) belo exemplo de humildade de um médico professor ligar para uma ex-aluna e pedir uma opinião médica, porque ele não atende crianças e adolescentes.
Diante de todos os resultados dos exames normais, os três médicos chegaram à conclusão de que o olho direito da Luiza entrou em contato com algum vírus, que inflamou o nervo óptico e o inchaço devido a inflamação impedia os movimentos, a essa altura os movimentos do olho já estavam quase normais, já não tinha mais visão dupla, então não houve necessidade de medicá-la porque o próprio organismo já estava reagindo contra o vírus, e em poucos dias tudo voltaria ao normal.
Mais uma vez volto a reflexão que mencionei no início do texto: “Nossa vida pode mudar em fração de segundos!”
O que aprendi com tudo isso:
Ainda prefiro continuar “pecando” pelo excesso do que pela falta. Algumas pessoas podem julgar as atitudes que tomei como exagero, se tivesse esperado alguns dias ia passar, de fato, mas sei disso agora depois de toda a investigação. Da mesma forma que não era nada grave poderia ser, e em alguns casos quanto antes o problema for detectado maiores são as chances de cura ou tratamento.
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