19 de fevereiro de 2018
COMO AS CRIANÇAS SE COMPORTAM NESSA FASE
Neste texto vou chamar de “crise dos 3 anos” por estar vivendo exatamente essa fase com o Lucca, mas este período pode variar entre 2 e 4 anos.
A principal característica da crise dos três anos é uma mudança no comportamento da criança, com ocorrência de birras sempre que sua vontade for contrariada diante de alguma situação.
Normalmente, este comportamento é observado diante das intervenções dos pais. No entanto, as crises podem ocorrer diante de responsáveis com os quais a criança estabelece um relacionamento de confiança e obediência, sendo que, neste caso, pode ser reflexo daquilo que já está acontecendo dentro de casa com os pais. Um bom exemplo seria o ambiente escolar com as professoras.
Em outras palavras, aquele “anjinho” que outro dia era apenas um bebê passa a agir com ataques de gritos, choros, agressividade com outras pessoas, ou algumas vezes contra si mesmo. A criança passa a dizer “não” com muita frequência ao que lhe é pedido, se joga no chão e esperneia todas as vezes que suas vontades não são atendidas, parece demonstrar o desejo de contrariar os pais.
NEM TODA CRIANÇA PASSA POR ESTA FASE
Nem toda criança desta faixa etária passa por estas crises, embora todas estejam sujeitas, já que este é um padrão normal de comportamento. É importante ressaltar que neste mesmo período, algumas mudanças importantes estão ocorrendo, como: um grande desenvolvimento cerebral interferindo em processos intelectuais importantíssimos para a criança. Por consequência, o aumento considerável na linguagem, na organização dos pensamentos e capacidade de exploração, trazem certa percepção de autonomia e independência para explorar o mundo e tomar decisões ao seu modo, bem como a certeza de que agora ela age e pode interferir no ambiente de acordo com sua vontade. Isto, por si, também evidencia um processo de maturação emocional inerente ao período. Normalmente, a intervenção adequada dos pais é o que garante e promove o uso coerente destas descobertas e recursos adquiridos pela criança e sua aplicação ajustada e equilibrada no meio em que vive. É importante ressaltar que a intervenção dos pais durante essa fase da criança contribuirá mais facilmente para que seja uma passagem tranquila. Ou seja, quanto mais adaptativa for a atuação dos pais, mais rápido será a diminuição de ocorrência dessas crises.
É POSSÍVEL MINIMIZAR ESTES COMPORTAMENTOS
Sim é possível, algumas situações podem contribuir para minimizar esses comportamentos:
Importante estarmos atentos para as reais necessidades de rotina da criança. É comum que cada vez mais as crianças sejam introduzidas a uma rotina diária que nem adultos conseguiriam suportar. Dança, atividade física, escola, cursos… enfim, uma agenda ocupada da primeira à última hora do dia, além de produzir uma super estimulação e sobrecarga, o próprio convívio em família pode ser prejudicado, o que facilita o surgimento das crises;
Em qualquer sinal de frustração na realização de atividades ao longo do dia, ainda que seja o simples manejo de um brinquedo, é importante que os pais encorajem a criança a continuar, com zelo e carinho. Oferecer ajuda nestes casos pode ser uma atitude que faz a diferença;
Encorajá-los a realizar tarefas por si só, desde que estejam de acordo com aquilo que é possível que ela faça sozinha, bem como estimular que ela realize escolhas, ainda que as opções sejam ditadas e limitadas pelos pais. Isto pode ser traduzido como incentivo à independência, desde que se realize de forma coerente;
Negociar somente o que for passível de negociação.
COMO OS PAIS OU CUIDADORES DEVEM AGIR NOS MOMENTOS DE CRISE
Um ponto importante a ressaltar é que a chamada crise dos três anos faz parte do processo normal de desenvolvimento da criança, sendo assim, devemos entender que estes atos indicam o desenvolvimento de independência, da capacidade que a criança adquire em expressar seus sentimentos de insatisfação e frustração, bem como a sua preparação para o entendimento de regras e estabelecimento de relações sociais. Isso não se quer dizer que deve-se deixar que tais comportamentos corram de forma solta, ao contrário, sabemos que o estabelecimento de limites faz parte do processo educativo e é essencial para o crescimento e sucesso de qualquer ser humano diante das situações que a vida oferece, e também na formação do caráter, auto-estima e bom convívio social. Um ambiente saudável e comprometido na relação pai e filho é o ponto chave para a passagem equilibrada e instrutiva por este período.
Durante a crise os pais/ou cuidadores podem seguir algumas recomendações: Tentar manter-se calmos, afinal duas pessoas irracionais definitivamente não vão melhorar a situação; Sejam compreensivos, mesmo que não ceda às exigências do seu filho não significa que não possa entender o motivo dele estar alterado. Dessa forma, deve-se abaixar à altura da criança e conversar; Não reforce o mau comportamento, por mais que seja difícil suportar os gritos. Da mesma maneira, deve-se reforçar quando ele tiver um bom comportamento; Não negocie no calor da crise, nesse momento você pode sentar-se ao lado da criança e esperar até que as coisas se acalmem, pode tentar abraçá-la, mesmo que ela não aceite bem o seu carinho. isso demonstra que ela pode esperar compreensão e amor da sua parte. E por fim, não leve muito a sério essas crises, mesmo que esteja na fila do supermercado e seu filho comece a dar uma birra e todos os olhares se voltarem para você, não se preocupe e tente não supervalorizar a situação. Tudo vai passar!
QUANDO ESSAS CRISES COINCIDEM COM A IDA À ESCOLA
Em princípio, ter que frequentem a escolinha ou creche estando nesse período difícil não significa um problema. Estar em contato com outras crianças pode favorecer o processo de socialização. Além disso, a interação social pode ajudar a passar até mais rapidamente por essa fase. É importante observar, caso a inserção da criança no ambiente escolar intensifique as crises e faça os comportamentos piorarem, um plano de intervenção da escola juntamente com a família deve ser traçado, buscando sempre a melhor opção para a criança. Não sendo suficiente, outros profissionais poderão contribuir.
COMO A ESCOLINHA PODE AJUDAR
Uma coisa é certa: se a criança aprende a comportar-se de maneira inadequada, sem que haja uma intervenção assertiva dentro do ambiente familiar, o papel da escola se torna limitado. Portanto, em primeiro lugar é essencial se estabelecer uma comunicação confiável e saudável com os pais ou responsáveis pela criança. Em segundo lugar, deve-se pontuar que, em ambiente escolar, as crianças já passam a vivenciar a noção de limites e do que é certo e errado. Nesse sentido, os professores exercem o papel de mediadores desse processo. Apesar de haver uma interação diferente no ambiente escolar, uma vez que se prioriza o convívio com outras crianças da mesma idade, a intervenção normalmente se dá como uma espécie de extensão daquilo que deve ser desenvolvido no contexto familiar. Nesse sentido, o aprendizado depende diretamente da preparação adequada e atuação responsável dos cuidadores e professores, a fim de contribuir para o bom andamento do processo.
COMO A ESCOLINHA DEVE AGIR EM RELAÇÃO À COMUNICAÇÃO COM OS PAIS
A comunicação da escola com os pais é extremamente necessária. É a partir desse contato que muitas dificuldades ou facilidades da criança são discutidas. Quanto mais participativos forem os pais, melhor é o desenvolvimento do trabalho realizado com a criança. Dessa forma, qualquer percepção que tanto os pais quanto a escola tenham em relação à criança deve ser considerado em conjunto, buscando sempre o melhor para ela.
RESUMINDO…
Nós pais devemos entender que apesar dos nossos bebês terem mudado de comportamento, e mesmo que essa mudança não seja fácil, eles ainda continuam sendo nossos bebês. Porém, agora estão se tornando pessoas mais independentes, com opiniões, desejos e comportamentos diferentes. Esse é o momento em que estão descobrindo o mundo por seus próprios sentidos e decisões, mas ainda não sabem muito bem o que estão fazendo. Na verdade, na maioria das vezes estão perdidos nessas escolhas. Por isso, é importante que nós pais estejamos sempre por perto para mostrar-lhes o caminho. É uma fase difícil, mas não será a última que nosso filho irá passar. Ser capaz de compreender seus sentimentos, mesmo que confusos e estar ao seu lado o ajudará a superar essa e qualquer outra dificuldade que possa vir a passar em sua vida.
Espero muito ter ajudado de alguma forma
Grande abraço!
Débora Bertoldi
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Todos os pais…. estão aprendendo a serem país!!!
Como é difícil educar uma criança.
Agradeço por cada aprendizado aqui nos fornecido.
Boa Noite!Meu neto está passando por está fase, que podemos procuras para ajudar. TEI
Amei!!! Tenho um filho de 3 anos e estás dicas me ajudou bastante. Mesmo sendo pedagoga, educadora , quando se trata do próprio filho as dúvidas sempre surgem.
👏👏👏❤️
Muito acolhedor e instrutivo. Já chorei hoje achando que eu estava sendo insuficiente. Obrigada