O que ninguém conta sobre Puerpério

20 de junho de 2017

 

 

Faz tempo que tenho vontade escrever sobre puerpério, mas sempre tive medo de ser mau interpretada, parecer pessimista, ou que não gosto de ser mãe. Mas acho que precisamos falar sobre isso, vejo  as pessoas romantizarem muito a maternidade, como se fosse tudo lindo e perfeito o tempo todo, e não é assim.

Vou falar aqui coisas que ninguém conta…

Na gravidez nosso corpo passa por muitas mudanças, hormonais, emocionais, físicas, é uma avalanche. Mas acredite, essas mudanças nem se comparam ao que acontece depois que o bebê nasce. O puerpério (pós-parto) é muito difícil e doloroso! E não estou me referindo a dores físicas, como cicatriz em caso de cesárea ou dos seios rachados pela amamentação. Me refiro a dor emocional. Essa dor é a mais difícil!

Não estou dizendo que ser mãe seja ruim, ou que a chegada de um bebê não seja motivo de alegria, é claro que você estará feliz com a chegada do seu bebê. É claro que você vai ficar completamente apaixonada por aquele serzinho tão pequeno e indefeso, vai ficar horas observando fascinada aquele rostinho. Mas ainda assim vai dor!

E sabe qual é a explicação para este sentimento? Parto é nascimento, mas é também luto. Ao mesmo tempo que nasce um bebê e uma mãe, morre quem você era até então. Acredite! Nada será como antes. Eu não estou falando só do cansaço físico, da privação de sono, das refeições corridas, dos banhos interrompidos ou muitas vezes esquecido. Isso é o de menos. O que mudará de forma irreparável é sua alma.

De repente, você percebe que antigos planos já não fazem mais sentido. Seu trabalho que sempre foi prioridade, hoje é motivo de pânico só de pensar em voltar. Mas, ao mesmo tempo, a rotina vai te massacrar e enlouquecer, muitas vezes ao fim do dia você vai perceber que ainda não tirou o pijama, nem escovou os dentes desde que acordou.

Seu corpo não é o mesmo, e a última coisa que você deseja é se olhar no espelho. Seu marido voltará ao trabalho muito antes que você se sinta preparada, e isso também vai doer! A solidão vai doer. Você vai precisar de colo, mas o seu bebê também.

A verdade é que as mulheres são pouco preparadas para o puerpério. O que se ouve muito é: “Você deveria estar feliz, seu bebê é perfeito!”. Mas o puerpério é ingrato. Você ama enquanto sofre. Você agradece ao mesmo tempo que implora.

Você quer fugir enquanto deseja mais do que tudo ficar exatamente ali. Mas, você não está só. E saiba, isso vai passar, por mais que neste momento você duvide, vai passar!

Texto: Bruna Estela

 

Não, você nunca mais será a mesma, mas tenha certeza que se tivesse que passar por tudo novamente, só para ter seu bebê nos braços, você não pensaria duas vezes.

Um beijo muito carinhoso!

Débora Bertoldi

 

 

E para complementar minha teoria de que as mulheres precisam de mais amparo no pós-parto, segue abaixo um texto bem conhecido, mas que acho perfeito!

 

Enquanto os olhos do mundo estão no bebê que acaba de nascer, a mãe da mãe enxerga a filha, recém-parida. O papel de avó pode esperar, pois é a sua menina que chora, com os seios a vazar.

A mãe da mãe esfrega roupinhas manchadas de cocô, varre o chão, garante o almoço. Compra pijamas de botão, lava lençóis sujos de leite e sangue. Ela sabe como é duro se tornar mãe.

No silêncio da madrugada, pensa na filha, acordada. Quantas vezes será que foi? Aguentará a manhã com um sorriso? Leva canjica quentinha e seu bolo favorito.

Atarefada, a mãe da mãe sofre em silêncio. Em cada escolha da filha, relembra suas próprias. Diante de nova mãe, novo bebê, muito leite e tanto colo, questiona tudo o que fez, tempos atrás. Tempo que não volta mais.

Se hoje é o que se tem, então hoje é o que é. Olha nos olhos, traz pão e café. Esse é o colo, esse é o leite. Aqui e agora, presente.

A mãe da mãe ajuda a filha a voar. Cuida de tudo o que está às mãos para que ela se reconstrua, descubra sua nova identidade. Ela agora é mãe, mas será sempre filha.

Toda mãe recém-nascida precisa dos cuidados de outra mulher que entenda o quanto esse momento é frágil. A mãe da mãe pode ser uma irmã, sogra, amiga, doula, vizinha, tia, avó, cunhada, conhecida. O fato é que o puerpério necessita de união feminina, dessa compreensão que só outra mãe consegue ter. O pai é um cuidador fundamental, comanda a casa e se desdobra entre mãe e filho, mas é preciso lembrar que ele também acaba de se tornar pai, ainda que pela segunda ou terceira vez.

Texto: Marcela Ferrarini

 

 

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